Estou ainda sob o impacto da experiência. Portanto, este não será um post imparcial, isento, objetivo. Pelo contrário, espero relatar a viagem com cores de paixão - as mesmas, por sinal, que tingem o céu do Jalapão ao entardecer.
Não é amor a primeira vista, já que ele não facilita as coisas para o visitante. Não se entrega, não se exibe, nem busca seduzir. É seco, bruto, agreste. O desavisado, ao aproximar-se, pode ficar com a primeira impressão e desistir de seguir em frente. Melhor assim. Não é para os fracos, nem para os frescos.
Lá fomos nós cinco: Ian, Félix e Martim - meus filhos, Roger - meu marido, e eu, numa expedição, com mais quinze aventureiros, seis guias e alguns acompanhantes, que lá estavam por razões diversas. Um grupo heterogêneo, vindo de diferentes partes do Brasil.
Os guias - Sergio, André, Paulinho, Galera, Kiko e Samir, não apenas cuidavam de nossa segurança, transporte, alimentação e acampamento mas, sobretudo, nos iniciaram nos segredos do Jalapão. Como aquele amante experiente, que conhece as curvas e os caprichos da mulher amada, foram nos levando para dentro do Jalapão. Ao mesmo tempo em que o Jalapão entrava dentro de nós.
O Mamute |
Nossas ocas, à sombra da mangueira |
Ao cair da tarde, rumamos para o primeiro atrativo oficial da viagem: Serra do Gorgulho. Para o deleite de meninos (e de meninos crescidos também), fomos autorizados a subir nas costas do Mamute. O trajeto, curto, foi feito de forma lenta e segura, para não haver riscos e para que curtíssemos a paisagem.
O Gorgulho é uma formação de arenito, que irrompe do chão, vermelha e erodida. Dali do alto, com 360 graus de horizontes, vimos o sol descer e o céu ficar da cor da terra. Ali, o Jalapão segurou a minha mão, com doçura, mas com firmeza. E seu toque me agradou.
(A expedição Jalapão foi organizada pela Venturas e Aventuras)
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