terça-feira, 5 de maio de 2015

SOS Sumaca

SOS SUMACA
O Parque Zilda Natel – carinhosamente apelidado de Sumaca por seus frequentadores, sempre foi um exemplo de espaço público na melhor acepção: um lugar de todos, para todos. Era um terreno baldio, abandonado desde a construção da estação Sumaré, que graças à brilhante ideia de Stela Goldenstein e sua equipe da Secretaria de Meio Ambiente do município, foi transformado numa área de lazer para crianças, jovens e adultos no começo de 2009.
A maior parte é ocupada por três pistas de skate: uma street, com rampas e corrimãos; um bowl e um half pipe. O projeto das pistas teve participação de membros da Confederação Brasileira de Skate. Mas não é só de skate que vive a Sumaca. Há também uma quadra de streetball, aparelhos de ginástica, mesas com tabuleiros pintados. Conta também com uma pequena arquibancada, bancos, bebedouros e banheiros.
Durante bastante tempo acompanhei meus filhos ali e sempre achei um dos locais mais democráticos que já frequentei. Crianças grandes, médias e pequenas, com seus pais, dividiam os diferentes espaços com jovens, adultos e até idosos. Pobres, ricos e remediados; branquinhos loirinhos de tênis novos e reluzentes aprendiam novas manobras com morenos, rastas ou com outros loirinhos, de tênis emendados com silver tape. E vice-versa. Veteranos do skate aguardavam pacientemente enquanto meninos recém-saídos das fraldas desciam as rampas de mãos dadas com seus pais ou mães. Na aparente confusão das pistas sempre houve um convívio pacifico, respeito, solidariedade, tolerância. Muitas amizades nasceram ali.
O uso do capacete era obrigatório (para minha tranquilidade) e, no início, até havia capacetes disponíveis para empréstimo. As regras, como esta do uso de capacetes e da proibição de animais, por exemplo, estavam afixadas de modo visível.
Havia uma empresa de segurança tercerizada abria e fechava o parque, zelava pela segurança e tinha um ótimo relacionamento com os frequentadores. O cuidado era compartilhado. Quando a pista começava a ficar com defeitos, alguns skatistas se organizavam para fazer reparos. Quando chovia, eles ajudavam com rodos a empurrar a água pra fora da pista. A parceria entre os frequentadores e os guardas, salvo uma ou outra desonrosa exceção, funcionava bem.
Não havia drogas. Nunca houve assaltos.
Mas de um tempo pra cá, a Sumaca está sendo abandonada. O contrato com a empresa de vigilância terminou e não foi feito outro. Não há segurança. Já aconteceu um assalto. A iluminação (que a bem da verdade nunca foi um primor) precisa de uma urgente troca de lâmpadas, prometida há meses. De vez em quando, alguém acende um baseado e, embora seja repreendido pelos próprios frequentadores, este clima inseguro afasta o público mais família que acaba tornando o clima ainda mais inseguro. E ninguém mais se importa com os capacetes.
Foi criado um conselho gestor que tem brigado para que o poder público cumpra sua parte: pela poda das árvores que encobrem a iluminação, pelo material para manutenção da pista (que eles, skatistas, fazem) e até pela água que tem faltado nos bebedouros. Os esforços são imensos e os resultados, quando aparecem, demoram. Eles precisam ser ouvidos, eles precisam de apoio.
Como cidadã, vou fazer tudo que estiver ao meu alcance. Além de participar da reunião do conselho vou também botar a boca no trombone. Começo por aqui. E conto com a ajuda de todos – skatistas, pais de skatistas ou cidadãos – para garantir que um espaço como o da Sumaca, que ensina na prática o que é cidadania, seja cuidado como ele merece.

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